sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A verdade

Hoje disse o adeus derradeiro àquilo que mais desejava. Finalizei, assim, a etapa que me deixara em estado adverso. Simulei, relacionei, parametrizei, reflecti sobre todas as possibilidades. Cheguei a uma conclusão. Nem tudo na vida pode ser imperfeito. Há detalhes minimalistas que nos fazem sorrir, viver experiências diferentes. O tudo e o nada. O vazio e o repleto. O branco e o preto.
Porém, há que equilibrar a balança no neutro.
O tempo passa, os sentimentos ficam.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Os momentos

Vou dizer-lhe que cessou o sentimento. Vou dizer-lhe que a doença anteriormente contraída se curou. Nada mais interessa entre nós, entre mim e ti, entre os nossos olhares, entre os nossos gestos repentinos, entre o espaço que distancia as nossas mãos, as nossas almas. Vou pedir ao coração as palavras certas, as reacções, a finalização num momento concreto. Vou pedir à razão a vontade de as exprimir fisica e plenamente. Quero ficar só num mundo onde sou só eu sozinha.
Vou, simplesmente, fechar o livro, cuja história não teve o fim desejado porque a tinta secou. Vou guardar na memória a caneta inútil que permitiu o início de tudo. Quero, sim, guardar também a capa desse livro num compartimento do meu coração perdido. Não, não te quero esquecer, livro meu, porque essa pequena história indeteriminada me fez feliz num determinado momento incerto algures na minha vida. Vou recordar o sopro do desejo que no meu coração ainda ficou e que tu criaste. Entre as linhas e as entre linhas restou um misto de descrições, entre estradas e cruzamentos sentimentais dispersos num mundo emocionalmente confuso. Vou impedir que as nossas vidas se cruzem porque não queremos ambos sofrer, porque o tempo é efémero, porque a vida é curta. Vou somente afastar-me, ainda, mais de ti... deixar que as amarras da vida decidam o nosso futuro.

domingo, 10 de outubro de 2010

As asas que nos abraçam e nos enganam

As asas do tempo envolveram-me... levando-me a pensar que se ficasse estática nada de mal me aconteceria naquele momento bélico. Todavia, com os seus movimentos audazes, com o auge do voo actual, com a sua eficácia ilusória, com os seus olhares perspicazes, com as suas armas potentes, com a batalha criada... enganaram-me fria e cruelmente. Rasgaram-me o coração. Esvaziaram-mo. Depois com todo o vendaval sentimental gerado, alguém suficientemente maldoso encheu o meu órgão mais vital perdido com duras e frias pedras. Tornaram-me naquilo que hoje sou. Deixei, simplesmente, de ser o que fui. Transformaram-me no estridente sentimento do mal, retirando-me o meu mortal romantismo, que em tempos, eu achara eterno. Achei por bem dizer um adeus simples e modesto. Deixei que as lágrimas que banhavam o meu corpo caíssem derradeiramente no chão. Escondi-me do mundo, aquele que eu anteriormente idolatrava como meu, mas que agora odiava com todas as forças naturais. Certamente voltarei, um dia, melhor que agora. Mais forte... mais sábia do que neste mundo acontece e se revela determinantemente assustador. Adeus, meu silêncio triste.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Os verbos [conjugados] que nos alegram

Vive. Bebe "os chás" que te dão a felicidade suficiente para viveres em paz com o teu mundo. Agarra, em pleno, com as tuas mãos o que o ambiente exterior te dá. Permite que o céu e os raios de sol te iluminem na totalidade, por dentro e por fora. Constrói o que quiseres, da forma como quiseres. Somente, de livre arbítrio. Aleatoriamente. Dança. Ao sabor do melhor aroma. Ao sabor do vento, criado pelo alucinante motor solar. Porque tudo o que um dia nasceu, também cai. Deixa que o destino, essa dimensão desconhecida e muda, te leve para onde ele quer. Faz de ti próprio um ser, ainda, mais único. Olha para a Natureza e silencia o que de melhor existe.

O teu [e]terno, Silêncio.

31 de Agosto de 2010, 18:11

domingo, 15 de agosto de 2010

Simbologia singular

Respiro. Divago solenemente. Penso. Páro. Levanto-me. 7:00. Passo após passo, traço o meu dia como se fosse o último. Reflicto sobre aquilo que mais gosto. Imagino. Percorro a gaveta dos meus sonhos, abro ao acaso uma das gavetas, entre muitas. Retiro um papel misterioso cuja simbologia singular me aquece o coração. Observo a caligrafia imaginada, os trilhos dispersos recolhidos pela letras ali colocadas, os objectivos patentes, a vida existente. Depois entre pensamentos, devaneios e loucuras simples, vislumbro a janela, o pomar transparente, o nevoeiro espesso e matinal de Inverno. Volto a sorrir. Fecho os olhos e toco o ambiente que me rodeia, as texturas, os significados, envolvo-me de emoção, de sensibilidade, de alegria repetina. Porque... porque a vida é instável e diversa... e são os sonhos que a comandam, afinal.
15 de Agosto de 2010
21:22

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A continuação do percurso

E depois de uma despedida há que continuar em frente, caminhar lentamente sobre o indefinido em busca do concreto. [Re]encontrar os anjos verdadeiros que nos mostrem o caminho real. Há que levantar o véu que foi deixado sobre o chão no percurso derradeiro, há que tocar nas pétalas e nos espinhos da vida, há que procurar exaustivamente o sonho. Esperam-se vivências, experiências, esperanças, alegrias. Um mar de emoções. Depois espera-se o reconforto de atingir a vitória nas diferentes etapas superadas ao longo do que se viveu e presenciou. Nada mais interessa. Viver de corpo e alma acima de tudo, ainda que em pensamento, em devaneio, em divagação. O resto é pura e simplesmente o silêncio vivenciado por nós em momentos de explícita loucura ou, somente, lucidez.
5 de Agosto de 2010

quarta-feira, 28 de julho de 2010

As despedidas

Toca, sente, agarra os momentos. Carpe diem.
Nem sempre o pensamento consegue superar a nossa ansiedade racional. Agir de acordo com o instinto pode fazer-nos muito mais felizes e, sobretudo, vivos.
É por isso que espero que nunca te esqueças:
-Das palavras que em vão te dirigi,
-Dos sentimentos que em determinados momentos te transmiti (e não transpareci),
-Das imagens e pensamentos que tive e que guardei somente para ti,
-Das amarguras vividas neste meu mundo de emoções,
-Das minhas incoerentes reflexões,
-Dos meus mais profundos devaneios,
-Das minhas pequenas frases ou dos meus mais longos textos,
-Das desilusões e tristezas em ti expressas.
Todavia, no presente, aqui estás tu, perto, ou, distante de mim. Mas, certamente, serás só meu, como sempre o foste. Quero, somente, que saibas que serás sempre o companheiro de todos os momentos, deprimentes ou não, de todas as horas, menos alegres ou menos tristes.
2 de Janeiro de 2010

terça-feira, 27 de julho de 2010

Quero

Quero ser palavras não ditas, quero transformar-me em frases lidas no meu diário infantil, quero ser o que nunca fui e sempre desejei ser. Quero alcançar a liberdade, quero desprender-me das cordas que me rodeiam e me impedem de agir verdadeiramente, quero sentir-me leve, plenamente natural.
Quero deitar-me de corpo e alma sobre os sentimentos do mundo, quero vivê-los na sua globalidade, quero sentir repugnância pela maldade, quero enaltecer a sinceridade dos gestos voluntariamente dados, quero coabitar com que é eterno, quero esquecer todo e qualquer dado que me faça ser mortal.
Quero ser uma roda viva em pensamentos, quero tornar-me simples e, ao mesmo tempo, complexa em emoção. Quero ser melodias suaves, quero ser os passos alheios dados por outros, quero ser a casa antiga composta por pedra. Quero ser a pedra colocada no assunto que faz sofrer outros.
Quero restabelecer o meu passado, quero viver o presente, quero projectar-me inteiramente no futuro.
22 de Fevereiro de 2010

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Divagar em silêncio

Hoje quase todas as frases escritas na minha memória apagaram-se.
A força bruta do vento levou uma parte de mim, sem pedir autorização. Trouxe, novamente, aquele bloqueio constrangedor, motivado por razões minhas velhas conhecidas. Prendeu-se com toda a sua força e amarrou-se, a mim, para não mais sair. Hoje estou presa em pensamentos profundos, ontem meramente superficiais. Uma mágoa fria arranhou e quase rasgou o meu coração, vagueando, de momento, na minha atmosfera humana triste.
Imploro, agora, ao soprar do vento agreste que me faça esquecer o que sei, que apague o que na minha memória restou gravado, que os espectros regressem ao meu mundo... hoje perdido num emaranhado de sentimentos infelizes.
Talvez, amanhã, quem sabe, sentar-me-ei na relva macia, esquecerei todo e qualquer assunto que me relacione com aquela realidade, derramarei aquelas lágrimas que limpam os jovens espíritos inquietos.

27 de Fevereiro de 2010

Observação permanente

Alice observa à tua volta... eu ordeno-te.
Redescobre o passado daqueles homens e mulheres cujas costas, hoje, se curvam. Questiona-lhes as histórias por eles vividas e desmistifica os seus profundos segredos antigos. Deixa que as tuas doces palavras amoleçam o pulsar cansado dos seus corações. Decifra cada cabelo branco com a tua generosidade natural. Permite que as suas mãos cansadas toquem na tua nobre tez e te aconselhem sabiamente o caminho a ser seguido por ti.
Depois, recorda as suas rugas, associando-as aos obstáculos pelos quais eles passaram e pelos quais tu passarás.

1 de Março de 2010

Estilhaços distantes

Foi na sala da minha vida sentimental que aquela vela dourada, patente no castiçal de prata antigo, reflectiu momentos nocturnos cessados pela ânsia raiva do tempo. Aquela última vela desvaneceu, apagou-se repentinamente, a cera consumiu-se e com ela recolheram momentos cruciais.

Recordo-me da circunstância em que ela se apagou, do vazio existente naquela sala, da frieza envolvente. Ressaltam ainda lembranças da escuridão, após aquele momento determinante, salientam-se no meu interior os sentimentos cerrados e profundos que ainda hoje permanecem.

Porém, hoje é o dia de alterar tais pensamentos de mágoa, tais estilhaços tristes do meu ser. Hoje é dia de rasgar o azul do céu, de implementar pensamentos contentes, de viajar por locais, caminhos e estradas desconhecidas, de divagar num mar de contentamentos presentes à face deste Mundo.
Tudo porque, um dia, aquela vela dourada voltará a acender-se certamente, dando ao meu rosto triste uma nova faceta alegre, trazendo-me um brilho de novo no olhar.
6 de Março de 2010

A Rosa do Mundo Perdido

Repentinamente, a rosa vermelha caiu sobre o mogno escuro do solo do meu pensamento. Regelou um qualquer gesto que pudesse dar naturalmente. Reprimiu qualquer palavra que viesse a ser soltada pelos meus lábios. Perdeu-se no vazio da minha alma. Portentosa, atraiu-me pela sua magnificente cor e ciência. Assustou-me corporalmente com os seus espinhos aguçados e ideais, provocando feridas interiores irremediáveis.

Tal acontecimento, passado no auge da minha vida, desempenhou o presságio mais inesperado de todo o meu caminho. Anunciado pelos ventos de leste do pensamento alheio, gerado por um Deus eternamente triste e desconhecido pela minha mente. Foi, assim, que a minha atmosfera humana aluiu, consequência da maldade daquele ser que vagueava só, absorvente do que de melhor havia no meu mar de sentimentos.

Porém, após desabar o meu mundo, esse ser, anteriormente, desprezível apresentava-se, agora, de espírito retraído, com capacidade para eliminar a maldade crescente nos Homens e implementar, no mundo, a paz dos inocentes.
13 de Março de 2010

Os [des]encontros


Talvez. Talvez um dia retornes à tua verdadeira estrada. Talvez venhas a ter consciência de que a tua aldeia sentimental distante, simples e modesta, é o melhor lugar do mundo para conduzires a tua vida. Talvez constates os contrastes entre a profundidade do rio límpido da tua aldeia e a superficialidade sentimental que caracteria o motor propulsor da tua vida. Talvez penses que nada faz sentido, quanto à verdade, pois tudo dependerá da tua persistência sentimental e, respectiva, resistência racional.
17 de Março de 2010

Transportada por um sentimento

Um dia fui transportada, por um sentimento vestido de negro, para outro mundo sem que me apercebesse.
Despida de mágoas, fui ao encontro de seres desconhecidos. Lívida, libertei toda e qualquer palavra interior que pudesse desejar expressar com o coração. Alegre espiritualmente, despedi-me da forma como quis e me foi possível. Desperta para a vida, encerrei o antigo testamento que me foi entregue. Livre, cedi, inutilmente, um pouco de mim a quem nunca me quis conhecer.
É acessível recordar esse mundo. Um mundo onde a verdade não existe, onde cada rosa é ausente, onde os espinhos são abundantes. Onde cada lágrima é falsa e composta por sentimentos obscuros e desleais. Onde cada estrada nos mostra o mesmo caminho. Onde cada pessoa é, pura e simplesmente, igual. Onde os anjos existem e se manifestam bruscamente.
Nunca esquecerei certos momentos em que a vivência patente em crenças esmoreceu. Foi triste ouvir e dizer um adeus frio em sentimento e, igualmente, desconfortante para o coração de quem o disse e o ouviu.
3 de Abril de 2010

sábado, 24 de julho de 2010

Os comboios, as paragens e as bagagens intemporais

Um dia, enquanto esperava pelo comboio da vida, o meu pensamento encontrou as letras que construíram as palavras de que necessitava para definir o meu futuro. Foi, exactamente, na gaveta das minhas recordações que alcancei a inspiração necessária para as frases lentamente edificadas por mim.
Recordo-me do esforço racional feito para anteceder a chegada das carruagens de decisões, com as quais partiria em busca de um destino indefinido. Ainda, hoje, após algumas viagens nesse comboio incerto, carregado de ilusões e de algumas experiências positivas, anseio pelo caminho certo. Desejo a chegada da carruagem que me leve a um local seguro onde me possa proteger do perigo que envolve a vida. Depois, nas horas mortiças, passeio-me lentamento pelas lajes daquela estação, esperando pelo bilhete derradeiro. Divago no emanranhamento singular de indecisões que vagueiam dentro do meu espírito inquieto.
Imagino e edifico raciocínios sobre o que será de mim daqui a uns anos, após milhas de viagens.
20 de Março de 2010

A singularidade dos momentos

Em cada passo dado, em cada silêncio cedido, naturalmente, ao local onde ela se encontrava espelhou-se no seu rosto uma tristeza irrealista de não alcançar o que desejara. Era o vazio entre as palavras que evocava os anjos das trevas do seu mundo, mágico e, simultâneamente, perigoso. Era o gosto amargo que preenchia a sua alma. Era o expandir dos erros do passado. Era o vago sentimento de quem mais nada pode ou tem.
Porém, eis que ela caiu em si, constatando, com certeza, que existia um caminho a percorrer. E, assim, largou, repentinamente, as bagagens do passado, a carga do materialismo e da insensibilidade humana. Estes eram os sentimentos mais marcados que trazia consigo. Eis que iniciou a derradeira corrida. Correndo, verdadeiramente, para que pudesse esquecer o muito pouco que trazia e o seu doloroso significado. O vazio entre as palavras caracterizava o momento, acontecido naquele aeroporto intemporal, embora sentimental.

Houve, ainda, quem tentasse agarrar, inutilmente, aquele ser. Todavia, a sua força era maior, tal como as suas ambições e desejos.
18 de Junho de 2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Não sei o que será o meu amanhã

Resta-me, ainda assim, a espontâneadade de cada gesto dado. As notas soltas pelo instrumento desafinado. Os conselhos de velhos amigos. O apoio de familiares. Os prenúncios de quem os sabe. O modo desalinhado do meu cabelo. O toque das minhas mãos sobre a madeira antiga da cómoda do meu quarto. A amizade e o carinho dos meus peluches de criança. Os carimbos guardados na gaveta do roupeiro. A caixa de recordações simbólicas.
Só pedia meia dúzia de palavras, três ou quatro moedas pequenas, um chapéu à moda antiga, um laço cor-de-rosa, umas quantas expressões meigas, uma cabana junto ao mar e umas gotas de felicidade.
O resto é silêncio e estes são os meus devaneios.
27 de Fevereiro de 2010

De quem mais nada tem ou pode ter

As lágrimas começaram a correr pelo meu rosto, alagando por completo o meu coração cansado, enchendo-o de mágoa e de uma tristeza crescente. A pulsação acelerou-se. O medo preencheu o meu rosto apreensivo. O sangue caiu sobre o chão da eternidade e com ele a vida perdeu o rumo mortal. A dor acentuou-se perdidamente num corpo fragilizado. O frio entranhou-se.
Permaneci, assim, sentada, prostrada e profundamente revoltada com o que a vida me trouxe. Divaguei, inutilmente, no momento. Revivi um emanharamento de pensamentos e de emoções desprezíveis. Reclamei comigo mesma pelo que fiz e pelo que não farei num futuro já não inexorável à minha existência.
Constatei que a distância entre mim e a solidão se estreitou definitivamente, permitindo a junção perfeita da tristeza negra e dos sentimentos escuros distantes da vida passada.
Até um dia.
16 de Abril de 2010

Recordar em silêncio

A alegria transmitida pela música ambiente da Natureza invadiu positivamente a minha alma, tal como a intensa luz sentimental proveniente de bosques distantes, de cidades encantadas, de águas passadas, de personagens míticas, de acções infantis.
Hoje os meus olhos abriram-se com elevada pujança, demarcada pelos meus antigos amigos imaginários, os quais havia perdido há alguns anos atrás. Perdi-lhes o rasto, esqueci-lhes o nome. Restou a vivência, a amizade verdadeira e inocente de uma criança para com o seu amigo transparente. Perdidos os passos. Ressaltam breves momentos infantis, recordações guardadas no meu comboio de corda, passagens felizes atenuadas pelo ticktack constante do relógio da minha secretária estática. Revivo, assim, um passado suave e marinho, onde o som do mar invadia o meu espírito infantil, onde as folhas das árvores caiam e rodopiavam em meu redor, onde os bancos do jardim dançavam ao sabor do vento, onde cada gota do mar simbolizava uma alegria doce, onde as rosas brancas acarinhavam a minha pele macia, onde a vida era, evidentemente, mais intensa, sentimental e menos racional.
Recordo, ainda, com contentamento as ilustrações envelhecidas pela passagem do tempo, as aguarelas coloridas, os rabiscos das telas imaginadas, os lápis de cor gastos, os textos escritos, os passos pouco a pouco dados nos trilhos diversos da vida. Vivo novamente as histórias contadas ou, meramente, lidas. Edifico, com o passado, as cartas de papel, recorto o passado vivido e colo novos pensamentos com destino a um futuro ainda melhor.
Esqueço quem sou hoje e construo o meu amanhã nas folhas lisas de papel antigas que me caracterizam. Construo, passo a passo, a minha história, para, mais tarde, relatá-la com o coração a alguém que a queira ouvir.
2 de Maio de 2010

Nunca te esqueças

Nunca te sintas culpada por razões alheias ao teu comportamento. Limita-te, apenas, a viver na tua esfera humana. Ignora o toque dos outros e concentra-te no poder do teu mundo. Em Tempo de Guerra, vislumbra, somente, o que é teu. O egoísmo, às vezes, pertence-te. A sinceridade ultrapassou os limites transversais do teu sistema.
Pára. Senta-te sobre a cadeira de madeira clara. Pousa as tuas mãos sobre a mesa rugosa e sente-lhe a ausência de vida. Sente a frieza da pedra enegrecida pelo Tempo. Reflecte sobre a matéria inexistente que vagueia na tua Alma e sobre o espírito que corre no teu Sangue. Ouve o bater do teu coração, sente-lhe a pulsação, sente-te viva. Capta com atenção o que o teu mundo sentimental te transmite. Pensa em ti, novamente. Esquece o que o raciocínio te quer mostrar. Vive os sentidos. Aplica as Forças que te caracterizam e observa o Impulso que o Destino lhes deu. Divaga sobre o que o Tempo te trouxe. Levanta as tuas mãos e caminha sobre o chão do teu quarto. Olha pela janela e vê o mundo exterior. Vê a vida passar. Vê os outros seres que contigo passam esta Vida. Observa, atentamente, as árvores dos jardins vizinhos. Constata o que é a Natureza e as regras das Palavras do Mundo.

Depois, quando te sentires, suficientemente, preparada, coloca-te ao nível do horizonte e deixa-te levar pelo soprar do vento que corre no auge da tua vida, terreste e passageira. Talvez estes devaneios expressos em frases curtas e simples, sem ciência, nem eloquência sejam, apenas, desabafos, resultado do que a Vida não me deu e que eu, portanto, não recebi, nem procurei.
12 de Maio de 2010

A dimensão do nosso mundo

As pétalas vermelhas guardadas no fundo da tua alma começaram a cair sobre a pedra branca. Reconfortaram-te o espírito desconcertado. Alinharam-se para que as pudesses pisar e sentir a sua textura macia. As tuas mãos recolheram o que restava aquela sala, vazia em sentimento. A tua mente divagara, por momentos, sobre o que estava certo ou errado. O futuro, esse mistério, seria incerto.
Eis que chegou o momento de virar a página do livro que nunca acabaste. Eis que o ciclo vicioso cessou e, com ele, se fecharam as janelas e as portas envidraçadas do teu mundo passado, frio e distante, agora, ausente. Há que saber terminar o que um dia se iniciou. Porém, sabemos que a despedida poderá causar a ferida eterna, cuja a dor se atenuará com a força bruta dos ventos temporais.
Certamente será melhor abandonar o passado que transportá-lo connosco injustificadamente. Mas há que separar as águas e saber com ciência o que elas representam. Porque nada é certo e a vivência entre a Humanidade também não.
30 de Maio de 2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A melodia que nos opera o coração

A vida é um mistério. Funciona como uma pequena pétala frágil de uma flor sem nome, como uma fechadura singular cuja solução é ausente, como um livro que ainda não foi escrito, como um silêncio prestes a ser quebrado pelo bater do coração de alguém.

Todavia, esse silêncio, de que falo, requer uma magia fantasiada potenciada pela sensibilidade de cada ser. São os gestos, os comportamentos, os olhares, os toques - meros actos que alegram e adoçam os nossos corações - capazes de nos marcar afincadamente. São essas pequeninas coisas, simples, modestas, de gente honesta, sentimentos suficientes para recriar uma melodia, aquela que nos abre o coração, que se entranha eternamente para não mais sair. Depois permanece na memória para se reflectir num sorriso luminoso e meigo.

Conclui-se que nem tudo na vida é mau. Mas saber observar, questionar e seleccionar o que fica, o que marca, o que nos faz feliz, o que nos faz sorrir verdadeiramente será sempre fundamental. Afinal o que realmente importa é o que nos toca o coração!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A história

A criação de algo nem sempre é fácil, há que idealizar eficazmente, esboçar repetidamente, rasurar os traços centrais e colaterais, observar os aspectos fundamentais na abordagem, acariciar com a experiência os momentos descritos.
Será crucial pensar e [re]pensar na verdadeira essência da história, no seu prefácio, na sua introdução, nos seus capítulos, nas suas personagens imaginadas. Há, portanto, que juntar os diferentes elementos e untar com sentimento todas as palavras redigidas até ao seu desfecho.
No final, restará o espírito de alguém transposto no espelho das folhas amarelecidas, ressaltarão as horas perdidas em constante pensamento, permanecerão estilhaços de ser dispersos como as memórias de uma vida. Afinal, a história pertencerá sempre a alguém que a viveu ou que, simplesmente, a observou de perto.
Nunca te esqueças: " Tudo é breve e efémero, porém, nada deverá ser esquecido."

O começo

Por vezes é melhor parar, que continuar eternamente a custo de nada. Reflectir sobre o que a vida nos trouxe, desde o derradeiro dia em prol da felicidade, poderá ser fundamental.

Certamente que a vida será uma eterna aprendizagem, iniciada num determinado dia [in]definido, fortemente acentuada pela força que nos fixou e uniu num determinado ponto, a partir do qual teremos que caminhar atendendo ao chão a que pisamos e aos valores essenciais que retemos.

Hoje iniciei esse dia, o momento derradeiro, uma aventura literária sem critérios aparentes, um novo ciclo de duração [in]determinada. Tenho para comigo que esta será uma mera caminhada pelos bosques silenciosos, repleta pela magia eterna das palavras soletradas lentamente.

Este é o meu começo.

sábado, 19 de junho de 2010

Ontem, Hoje e Amanhã

Ontem, realizei o que sempre quis. Demarquei os meus objectivos. Ressaltei as minhas ambições. Relembrei os doces pensamentos passados. Construí projectos. Pontuei, com as vírgulas e os pontos finais, o que faltava terminar, ou, simplesmente, suspender.
Hoje, a minha vida é um livro aberto, pronto a ser pintado com a arte da tinta simples e invisível de quem se achar capaz de o fazer. Pronto a ser escrito com ciência ou com a inocência de quem a possuir.
Amanhã, será um livro preenchido por momentos, breves circunstâncias do que a vida me trouxe em cada dia, do passado. Será, certamente, repleto pela sensibilidade do que fui demonstrando ao longo do meu desenvolvimento pessoal, sentimental e emocional.
Porém, tenho a certeza que constituirá o derradeiro sobre o que um dia fui, verdadeiramente, de modo cruo e frio.
19 de Junho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O vazio entre as palavras

Em cada passo dado, em cada silêncio cedido, naturalmente, ao local onde ela se encontrava espelhou-se no seu rosto uma tristeza irrealista de não alcançar o que desejara.
Era o vazio entre as palavras que evocava os anjos das trevas do seu mundo, mágico e, simultâneamente, perigoso. Era o gosto amargo que preenchia a sua alma. Era o expandir dos erros do passado. Era o vago sentimento de quem mais nada pode ou tem.
Porém, eis que ela caiu em si, constatando, com certeza, que existia um caminho a percorrer. E, assim, largou, repentinamente, as bagagens do passado, a carga do materialismo e da insensibilidade humana. Estes eram os sentimentos mais marcados que trazia consigo. Eis que iniciou a derradeira corrida. Correndo, verdadeiramente, para que pudesse esquecer o muito pouco que trazia e o seu doloroso significado. O vazio entre as palavras caracterizava o momento, acontecido naquele aeroporto intemporal, embora sentimental.
Houve, ainda, quem tentasse agarrar, inutilmente, aquele ser. Todavia, a sua força era maior, tal como as suas ambições e desejos.

Nunca te esqueças,
Alice, era o seu nome.
18 de Junho de 2010

domingo, 30 de maio de 2010

As pétalas vermelhas guardadas no fundo da tua alma começaram a cair sobre a pedra branca. Reconfortaram-te o espírito desconcertado. Alinharam-se para que as pudesses pisar e sentir a sua textura macia. As tuas mãos recolheram o que restava aquela sala vazia em sentimento. A tua mente divagara, por momentos, sobre o que estava certo ou errado. O futuro, esse mistério, seria incerto eternamente.

Eis que chegou o momento de virar a página do livro que nunca acabaste. Eis que o ciclo vicioso cessou e, com ele, se fecharam as janelas e as portas envidraçadas do teu mundo passado, frio e distante, agora, ausente daquela sala. Há que saber terminar o que um dia se iniciou. Porém, sabemos que a despedida poderá causar a ferida eterna, cuja a dor se atenuará com a força bruta dos ventos temporais.
Certamente será melhor abandonar o passado que transportá-lo connosco injustificadamente. Mas há que separar as águas e saber com ciência o que elas representam. Porque nada é certo e a vivência entre a Humanidade também não.
30 de Maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Nunca te esqueças

Nunca te sintas culpada por razões alheias ao teu comportamento.
Limita-te, apenas, a viver na tua esfera humana. Ignora o toque dos outros e concentra-te no poder do teu mundo. Em Tempo de Guerra, vislumbra, somente, o que é teu. O egoísmo, às vezes, pertence-te. A sinceridade ultrapassou os limites transversais do teu sistema.
Pára. Senta-te sobre a cadeira de madeira clara. Pousa as tuas mãos sobre a mesa rugosa e sente-lhe a ausência de vida. Sente a frieza da pedra enegrecida pelo Tempo. Reflecte sobre a matéria inexistente que vagueia na tua Alma e sobre o espírito que corre no teu Sangue. Ouve o bater do teu coração, sente-lhe a pulsação, sente-te viva. Capta com atenção o que o teu mundo sentimental te transmite. Pensa em ti, novamente.
Esquece o que o raciocínio te quer mostrar. Vive os sentidos. Aplica as Forças que te caracterizam e observa o Impulso que o Destino lhes deu. Divaga sobre o que o Tempo te trouxe. Levanta as tuas mãos e caminha sobre o chão do teu quarto. Olha pela janela e vê o mundo exterior. Vê a vida passar. Vê os outros seres que contigo passam esta Vida. Observa, atentamente, as árvores dos jardins vizinhos. Constata o que é a Natureza e as regras das Palavras do Mundo.
Depois, quando te sentires, suficientemente, preparada, coloca-te ao nível do horizonte e deixa-te levar pelo soprar do vento que corre no auge da tua vida, terreste e passageira.

Talvez estes devaneios expressos em frases curtas e simples, sem ciência, nem eloquência sejam, apenas, desabafos, resultado do que a Vida não me deu e que eu, portanto, não recebi, nem procurei.
12 de Maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

Recorto o passado e colo novos pensamentos com destino a um futuro ainda melhor

A alegria transmitida pela música ambiente da Natureza invadiu positivamente a minha alma, tal como a intensa luz sentimental proveniente de bosques distantes, de cidades encantadas, de águas passadas, de personagens míticas, de acções infantis.
Hoje os meus olhos abriram-se com elevada pujança, demarcada pelos meus antigos amigos imaginários, os quais havia perdido há alguns anos atrás. Perdi-lhes o rasto, esqueci-lhes o nome. Restou a vivência, a amizade verdadeira e inocente de uma criança para com o seu amigo transparente. Perdidos os passos. Ressaltam breves momentos infantis, recordações guardadas no meu comboio de corda, passagens felizes atenuadas pelo ticktack constante do relógio da minha secretária estática. Revivo, assim, um passado suave e marinho, onde o som do mar invadia o meu espírito infantil, onde as folhas das árvores caiam e rodopiavam em meu redor, onde os bancos do jardim dançavam ao sabor do vento, onde cada gota do mar simbolizava uma alegria doce, onde as rosas brancas acarinhavam a minha pele macia, onde a vida era, evidentemente, mais intensa, sentimental e menos racional.
Recordo, ainda, com contentamento as ilustrações envelhecidas pela passagem do tempo, as aguarelas coloridas, os rabiscos das telas imaginadas, os lápis de cor gastos, os textos escritos, os passos pouco a pouco dados nos trilhos diversos da vida. Vivo novamente as histórias contadas ou, meramente, lidas. Edifico, com o passado, as cartas de papel, recorto o passado vivido e colo novos pensamentos com destino a um futuro ainda melhor.
Esqueço quem sou hoje e construo o meu amanhã nas folhas lisas de papel antigas que me caracterizam. Construo, passo a passo, a minha história, para, mais tarde, relatá-la com o coração a alguém que a queira ouvir.
2 de Maio de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O não poder agir...

De quem mais nada tem ou pode ter.
As lágrimas começaram a correr pelo meu rosto, alagando por completo o meu coração cansado, enchendo-o de mágoa e de uma tristeza crescente. A pulsação acelerou-se. O medo preencheu o meu rosto apreensivo. O sangue caiu sobre o chão da eternidade e com ele a vida perdeu o rumo mortal. A dor acentuou-se perdidamente num corpo fragilizado. O frio entranhou-se.
Permaneci, assim, sentada, prostrada e profundamente revoltada com o que a vida me trouxe. Divaguei, inutilmente, no momento. Revivi um emanharamento de pensamentos e de emoções desprezíveis. Reclamei comigo mesma pelo que fiz e pelo que não farei num futuro já não inexorável à minha existência. Constatei que a distância entre mim e a solidão se estreitou definitivamente, permitindo a junção perfeita da tristeza negra e dos sentimentos escuros distantes da vida passada.
Até um dia.

sábado, 3 de abril de 2010

Fui transportada por um sentimento...

Um dia fui transportada, por um sentimento vestido de negro, para outro mundo sem que me apercebesse. Despida de mágoas, fui ao encontro de seres desconhecidos. Lívida, libertei toda e qualquer palavra interior que pudesse desejar expressar com o coração. Alegre espiritualmente, despedi-me da forma como quis e me foi possível. Desperta para a vida, encerrei o antigo testamento que me foi entregue. Livre, cedi, inutilmente, um pouco de mim a quem nunca me quis conhecer.
É acessível recordar esse mundo. Um mundo onde a verdade não existe, onde cada rosa é ausente, onde os espinhos são abundantes. Onde cada lágrima é falsa e composta por sentimentos obscuros e desleais. Onde cada estrada nos mostra o mesmo caminho. Onde cada pessoa é, pura e simplesmente, igual. Onde os anjos existem e se manifestam bruscamente.
Nunca esquecerei certos momentos em que a vivência patente em crenças esmoreceu. Foi triste ouvir e dizer um adeus frio em sentimento e, igualmente, desconfortante para o coração de quem o disse e o ouviu.
3 de Abril de 2010

sábado, 20 de março de 2010

O comboio da vida...

Um dia, enquanto esperava pelo comboio da vida, o meu pensamento encontrou as letras que construíram as palavras de que necessitava para definir o meu futuro. Foi, exactamente, na gaveta das minhas recordações que alcancei a inspiração necessária para as frases lentamente edificadas por mim. Recordo-me do esforço racional feito para anteceder a chegada das carruagens de decisões, com as quais partiria em busca de um destino indefinido.
Ainda, hoje, após algumas viagens nesse comboio incerto, carregado de ilusões e de algumas experiências positivas, anseio pelo caminho certo. Desejo a chegada da carruagem que me leve a um local seguro onde me possa proteger do perigo que envolve a vida. Passeio pelas lajes daquela estação, esperando pelo bilhete derradeiro. Divago no emaranhamento de indecisões que vagueia dentro do meu espírito.
Imagino e edifico raciocínios sobre o que será de mim daqui a uns anos, após milhas de viagens.

20 de Março de 2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

Talvez...

Talvez. Talvez um dia retornes à tua verdadeira estrada. Talvez venhas a ter consciência de que a tua aldeia sentimental distante, simples e modesta, é o melhor lugar do mundo para conduzires a tua vida. Talvez constates os contrastes entre a profundidade do rio límpido da tua aldeia e a superficialidade sentimental que caracteria o motor propulsor da tua vida. Talvez penses que nada faz sentido, quanto à verdade, pois tudo dependerá da tua persistência sentimental e, respectiva, resistência racional.

17 de Março de 2010

sábado, 13 de março de 2010

A rosa do mundo perdido

Repentinamente, a rosa vermelha caiu sobre o mogno escuro do solo do meu pensamento. Regelou um qualquer gesto que pudesse dar naturalmente. Reprimiu qualquer palavra que viesse a ser soltada pelos meus lábios. Perdeu-se no vazio da minha alma. Portentosa, atraiu-me pela sua magnificente cor e ciência. Assustou-me corporalmente com os seus espinhos aguçados e ideais, provocando feridas interiores irremediáveis.
Tal acontecimento, passado no auge da minha vida, desempenhou o presságio mais inesperado de todo o meu caminho. Anunciado pelos ventos de leste do pensamento alheio, gerado por um Deus eternamente triste e desconhecido pela minha mente. Foi, assim, que a minha atmosfera humana aluiu, consequência da maldade daquele ser que vagueava só, absorvente do que de melhor havia no meu mar de sentimentos.
Porém, após desabar o meu mundo, esse ser, anteriormente, desprezível apresentava-se, agora, de espírito retraído, com capacidade para eliminar a maldade crescente nos Homens e implementar, no mundo, a paz dos inocentes.
13 de Março de 2010

sábado, 6 de março de 2010

Aquela última vela desvaneceu

Foi na sala da minha vida sentimental que aquela vela dourada, patente no castiçal de prata antigo, reflectiu momentos nocturnos cessados pela ânsia raiva do tempo. Aquela última vela desvaneceu, apagou-se repentinamente, a cera consumiu-se e com ela recolheram momentos cruciais.

Recordo-me da circunstância em que ela se apagou, do vazio existente naquela sala, da frieza envolvente. Ressaltam ainda lembranças da escuridão, após aquele momento determinante, salientam-se no meu interior os sentimentos cerrados e profundos que ainda hoje permanecem.

Porém, hoje é o dia de alterar tais pensamentos de mágoa, tais estilhaços tristes do meu ser. Hoje é dia de rasgar o azul do céu, de implementar pensamentos contentes, de viajar por locais, caminhos e estradas desconhecidas, de divagar num mar de contentamentos presentes à face deste Mundo.
Tudo porque, um dia, aquela vela dourada voltará a acender-se certamente, dando ao meu rosto triste uma nova faceta alegre, trazendo-me um brilho de novo no olhar.
6 de Março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Alice... eu ordeno-te

Alice observa à tua volta... eu ordeno-te.
Redescobre o passado daqueles homens e mulheres cujas costas, hoje, se curvam. Questiona-lhes as histórias por eles vividas e desmistifica os seus profundos segredos antigos. Deixa que as tuas doces palavras amoleçam o pulsar cansado dos seus corações. Decifra cada cabelo branco com a tua generosidade natural. Permite que as suas mãos cansadas toquem na tua nobre tez e te aconselhem sabiamente o caminho a ser seguido por ti. Depois, recorda as suas rugas, associando-as aos obstáculos pelos quais eles passaram e pelos quais tu passarás.
1 de Março de 2010

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Imploro ao vento

Hoje quase todas as frases escritas na minha memória apagaram-se.
A força bruta do vento levou uma parte de mim, sem pedir autorização. Trouxe, novamente, aquele bloqueio constrangedor, motivado por razões minhas velhas conhecidas. Prendeu-se com toda a sua força e amarrou-se, a mim, para não mais sair. Hoje estou presa em pensamentos profundos, ontem meramente superficiais. Uma mágoa fria arranhou e quase rasgou o meu coração, vagueando, de momento, na minha atmosfera humana triste.
Imploro, agora, ao soprar do vento agreste que me faça esquecer o que sei, que apague o que na minha memória restou gravado, que os espectros regressem ao meu mundo... hoje perdido num emaranhado de sentimentos infelizes.
Talvez, amanhã, quem sabe, sentar-me-ei na relva macia, esquecerei todo e qualquer assunto que me relacione com aquela realidade, derramarei aquelas lágrimas que limpam os jovens espíritos inquietos.

27 de Fevereiro de 2010

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Quero...

Quero ser palavras não ditas, quero transformar-me em frases lidas no meu diário infantil, quero ser o que nunca fui e sempre desejei ser. Quero alcançar a liberdade, quero desprender-me das cordas que me rodeiam e me impedem de agir verdadeiramente, quero sentir-me leve, plenamente natural.

Quero deitar-me de corpo e alma sobre os sentimentos do mundo, quero vivê-los na sua globalidade, quero sentir repugnância pela maldade, quero enaltecer a sinceridade dos gestos voluntariamente dados, quero coabitar com que é eterno, quero esquecer todo e qualquer dado que me faça ser mortal.

Quero ser uma roda viva em pensamentos, quero tornar-me simples e, ao mesmo tempo, complexa em emoção. Quero ser melodias suaves, quero ser os passos alheios dados por outros, quero ser a casa antiga composta por pedra. Quero ser a pedra colocada no assunto que faz sofrer outros.

Quero restabelecer o meu passado, quero viver o presente, quero projectar-me inteiramente no futuro.

22 de Fevereiro de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A estrela da amizade

Ao anoitecer despertou em mim a vontade impulsiva de contar um segredo às estrelas do céu.

Vou relatar-lhes o que sei sobre a rosa da amizade, aquela que é verdadeira e não magoa porque não tem espinhos. Vou usar o soprar sereno do vento, o mistério do passar do tempo, a magia eterna das palavras, o tamanho infinito do oceano, o sentimento e o pulsar eterno do meu coração.
Vou despertar o brilho às estrelas, recorrendo à verdade em letras pausadamente soletradas, a pétalas aromáticas da minha imagem contemplativa, reflectida naquele mar onde cada gota salgada é um pensamento doce.
Vou simular ser uma estrela que não permanece só, antes caminha sobre o vazio do céu, voa velozmente no alto da imaginação e dos sonhos do meu mundo infantil... perdidos na caixa das recordações guardada no fundo da cómoda antiga.
Vou esquecer o que será de mim sem o mundo real, preferindo projectar-me no infinito azul profundo do céu cerrado. Tudo para que, numa noite futura, possa ser o espectro capaz de ajudar um amigo indefinido.
20 de Fevereiro de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sentimentalismo

Há dias em que apenas ouvimos o pulsar do nosso coração, em que os sentidos dominam o nosso agir, em que ninguém

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Mundo dos Sentimentos


Entretanto o tempo passa por mim, coloca uma expressão contemplativa no meu rosto, fazendo-me esquecer quem sou. Divago solitariamente perante o que serei num futuro próximo à minha vivência.
O tic-tac do relógio envolve a matéria humana que há em mim, irrequieta o meu estado espírito, enaltece a minha beleza interior, espanta todo e qualquer sentimento. Lá fora, sente-se a ausência de tempo suficiente para resolver o que parece ter uma solução impossível, ter um resultado desprezável. Entretanto, levanto a indeterminação, sigo em frente, liberto-me do passado, caminho perante o que vier, escuto o que me é dito. O resto é o vazio que não me pertence.
Hoje a solidão bateu ao meu portal de sentimentos e entrou sem pedir autorização. Reconfortou-se no meu manto de emoções, deliciou-se nas almofadas de penas do meu coração, voltou-se para admirar o meu lado mais oculto e adormeceu perante o silêncio da minha atmosfera humana.
17 de Fevereiro de 2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ao som do piano negro

Após a conjuntura nocturna, após a enorme pausa em silêncio, após momentos de reflexão em recordações passadas, após o período de amargura…caiu, repentinamente e de forma violenta, o manto de veludo vermelho sobre o harmonioso mármore branco.
As teclas do piano, abandonadas pelo passar do tempo, moveram-se delicadamente. Os longos e magros dedos de Alice decidiram finalmente tocar-lhes após o momento de tormenta. O seu quarto despertava lentamente ao som de melodias antigas, de composições repletas de emoção.
Enquanto deliciava o espírito tocando piano sentada no seu canapé, o seu pensamento navegava à deriva no seu mundo de espectros e de mutismos. Simbolicamente sentia-se reconfortada, pois o sublime som do piano, recorrendo ao movimento das teclas cor de pérola, alegrava-lhe o ânimo, bem como o espírito.
Seriam possivelmente as composições musicais, o ritmo melodioso, as partituras clássicas, guardadas no gavetão da cómoda do seu quarto, capazes de reanimar a atmosfera humana daquele palácio de sentimentos onde Alice vivia envolvida.

No momento actual, tal ambiente fazia Alice sentir-se absorvida pelas notas musicais que a tornavam forte, imune, resistente aos obstáculos propostos voluntariamente pelo tempo.
4 de Fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Aquele meu silêncio

Silêncio... um profundo silêncio entranhara-se na minha alma, impedindo-me de expressar convenientemente o que naquele momento, verdadeiramente, sentia.
Naquele meu recanto encoberto, escondia-me no escuro cerrado onde ninguém me pudesse encontrar, escondia-me de todos os seres, escondia os meus mais intensos sentimentos, escondia a minha existência sensorial, escondia o que o coração me transmitia em segredo.
Em pensamentos, imaginava bosques longínquos onde pudesse viver um dia livre e plenamente, visualizava aquelas florestas penetrantes capazes de abranger este meu sofrimento de modo a cessá-lo definitivamente, recordava momentos outrora vividos por mim, divagava com o coração, segredava as minhas angústias ao vazio. Permitia que o meu espírito deambulasse nas lembranças quase esquecidas e consumidas pelo tempo. Desconhecia todo e qualquer dado que me permitisse desvendar o amanhã, apagava do meu espírito qualquer certeza quanto ao que serei no futuro. Tudo, simplesmente, porque sabia que o que começava teria certamente um desfecho, tão ou mais doloroso como o momento da criação da obra.
Deixava levar-me misticamente pelas palavras, uma vez que é recorrendo a elas que expressava sentimentos sem nada transparecer. Provavelmente, estas seriam o melhor abrigo para ocultar o que conjecturo.
3 de Fevereiro de 2010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Miragem de recordações

Naquele exuberante local tudo era longínquo, distante, profundo...
Lembro-me de olhar pelos largos janelões e aperceber-me da singularidade daquele local. Recordo-me de como era envolvido por um extenso e penetrante bosque, onde abundavam flores de variadíssimas cores e espécies. Ali, naquele lugar, podia sentir o abandono do salão onde me encontrava, podia sentir um frio característico daquele espaço capaz de paralisar-me e regelar um qualquer movimento que pudesse dar naturalmente. Misterioso, taciturno, poderoso. Era assim que o meu espírito o caracterizava.
Todavia, o que me terá captado a atenção foi o amplo espelho existente no grandioso salão. Reflectia alguns dos momentos ali vividos por pessoas de outros tempos, com outras mentalidades, desiguais às actuais. Reflectia leves passagens de instantes vividos por outros seres. Rostos. Vidas passadas. Quantos nobres e famílias abastadas terão frequentado aquele nobre salão, ressequido pelo tempo? A madeira presente naquele chão estava, agora, gasta por tantos passos e momentos vividos.
Solidão. Avistei no tecto portentosos e valiosos candeeiros de cristal que permaneciam quase sós, numa sala onde escasseavam adornos. Pureza. Estranha sensação neste mundo, onde a ingenuidade há muito que desaparecera de forma inesperada. Perfídia. Era agora a falsidade que reinava no mundo real. Ostentação. Quantos quadros e retratos pintados a óleo presenciaram momentos consumidos pelo tempo. Beleza. Nas restantes divisões do palacete, os belos tectos constituídos por talha dourada podiam ser vistos na polida mármore presente no solo.

No momento derradeiro, resta resumir quanta terá sido a tristeza, quanto terá sido o tempo perdido, quanta será a saudade, quanta será a ilusão que ali ainda permanece. Certamente era um mundo diferente, era um mundo construído por recordações de outros tempos.
30 de Julho de 2008