domingo, 30 de maio de 2010

As pétalas vermelhas guardadas no fundo da tua alma começaram a cair sobre a pedra branca. Reconfortaram-te o espírito desconcertado. Alinharam-se para que as pudesses pisar e sentir a sua textura macia. As tuas mãos recolheram o que restava aquela sala vazia em sentimento. A tua mente divagara, por momentos, sobre o que estava certo ou errado. O futuro, esse mistério, seria incerto eternamente.

Eis que chegou o momento de virar a página do livro que nunca acabaste. Eis que o ciclo vicioso cessou e, com ele, se fecharam as janelas e as portas envidraçadas do teu mundo passado, frio e distante, agora, ausente daquela sala. Há que saber terminar o que um dia se iniciou. Porém, sabemos que a despedida poderá causar a ferida eterna, cuja a dor se atenuará com a força bruta dos ventos temporais.
Certamente será melhor abandonar o passado que transportá-lo connosco injustificadamente. Mas há que separar as águas e saber com ciência o que elas representam. Porque nada é certo e a vivência entre a Humanidade também não.
30 de Maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Nunca te esqueças

Nunca te sintas culpada por razões alheias ao teu comportamento.
Limita-te, apenas, a viver na tua esfera humana. Ignora o toque dos outros e concentra-te no poder do teu mundo. Em Tempo de Guerra, vislumbra, somente, o que é teu. O egoísmo, às vezes, pertence-te. A sinceridade ultrapassou os limites transversais do teu sistema.
Pára. Senta-te sobre a cadeira de madeira clara. Pousa as tuas mãos sobre a mesa rugosa e sente-lhe a ausência de vida. Sente a frieza da pedra enegrecida pelo Tempo. Reflecte sobre a matéria inexistente que vagueia na tua Alma e sobre o espírito que corre no teu Sangue. Ouve o bater do teu coração, sente-lhe a pulsação, sente-te viva. Capta com atenção o que o teu mundo sentimental te transmite. Pensa em ti, novamente.
Esquece o que o raciocínio te quer mostrar. Vive os sentidos. Aplica as Forças que te caracterizam e observa o Impulso que o Destino lhes deu. Divaga sobre o que o Tempo te trouxe. Levanta as tuas mãos e caminha sobre o chão do teu quarto. Olha pela janela e vê o mundo exterior. Vê a vida passar. Vê os outros seres que contigo passam esta Vida. Observa, atentamente, as árvores dos jardins vizinhos. Constata o que é a Natureza e as regras das Palavras do Mundo.
Depois, quando te sentires, suficientemente, preparada, coloca-te ao nível do horizonte e deixa-te levar pelo soprar do vento que corre no auge da tua vida, terreste e passageira.

Talvez estes devaneios expressos em frases curtas e simples, sem ciência, nem eloquência sejam, apenas, desabafos, resultado do que a Vida não me deu e que eu, portanto, não recebi, nem procurei.
12 de Maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

Recorto o passado e colo novos pensamentos com destino a um futuro ainda melhor

A alegria transmitida pela música ambiente da Natureza invadiu positivamente a minha alma, tal como a intensa luz sentimental proveniente de bosques distantes, de cidades encantadas, de águas passadas, de personagens míticas, de acções infantis.
Hoje os meus olhos abriram-se com elevada pujança, demarcada pelos meus antigos amigos imaginários, os quais havia perdido há alguns anos atrás. Perdi-lhes o rasto, esqueci-lhes o nome. Restou a vivência, a amizade verdadeira e inocente de uma criança para com o seu amigo transparente. Perdidos os passos. Ressaltam breves momentos infantis, recordações guardadas no meu comboio de corda, passagens felizes atenuadas pelo ticktack constante do relógio da minha secretária estática. Revivo, assim, um passado suave e marinho, onde o som do mar invadia o meu espírito infantil, onde as folhas das árvores caiam e rodopiavam em meu redor, onde os bancos do jardim dançavam ao sabor do vento, onde cada gota do mar simbolizava uma alegria doce, onde as rosas brancas acarinhavam a minha pele macia, onde a vida era, evidentemente, mais intensa, sentimental e menos racional.
Recordo, ainda, com contentamento as ilustrações envelhecidas pela passagem do tempo, as aguarelas coloridas, os rabiscos das telas imaginadas, os lápis de cor gastos, os textos escritos, os passos pouco a pouco dados nos trilhos diversos da vida. Vivo novamente as histórias contadas ou, meramente, lidas. Edifico, com o passado, as cartas de papel, recorto o passado vivido e colo novos pensamentos com destino a um futuro ainda melhor.
Esqueço quem sou hoje e construo o meu amanhã nas folhas lisas de papel antigas que me caracterizam. Construo, passo a passo, a minha história, para, mais tarde, relatá-la com o coração a alguém que a queira ouvir.
2 de Maio de 2010