sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A verdade

Hoje disse o adeus derradeiro àquilo que mais desejava. Finalizei, assim, a etapa que me deixara em estado adverso. Simulei, relacionei, parametrizei, reflecti sobre todas as possibilidades. Cheguei a uma conclusão. Nem tudo na vida pode ser imperfeito. Há detalhes minimalistas que nos fazem sorrir, viver experiências diferentes. O tudo e o nada. O vazio e o repleto. O branco e o preto.
Porém, há que equilibrar a balança no neutro.
O tempo passa, os sentimentos ficam.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Os momentos

Vou dizer-lhe que cessou o sentimento. Vou dizer-lhe que a doença anteriormente contraída se curou. Nada mais interessa entre nós, entre mim e ti, entre os nossos olhares, entre os nossos gestos repentinos, entre o espaço que distancia as nossas mãos, as nossas almas. Vou pedir ao coração as palavras certas, as reacções, a finalização num momento concreto. Vou pedir à razão a vontade de as exprimir fisica e plenamente. Quero ficar só num mundo onde sou só eu sozinha.
Vou, simplesmente, fechar o livro, cuja história não teve o fim desejado porque a tinta secou. Vou guardar na memória a caneta inútil que permitiu o início de tudo. Quero, sim, guardar também a capa desse livro num compartimento do meu coração perdido. Não, não te quero esquecer, livro meu, porque essa pequena história indeteriminada me fez feliz num determinado momento incerto algures na minha vida. Vou recordar o sopro do desejo que no meu coração ainda ficou e que tu criaste. Entre as linhas e as entre linhas restou um misto de descrições, entre estradas e cruzamentos sentimentais dispersos num mundo emocionalmente confuso. Vou impedir que as nossas vidas se cruzem porque não queremos ambos sofrer, porque o tempo é efémero, porque a vida é curta. Vou somente afastar-me, ainda, mais de ti... deixar que as amarras da vida decidam o nosso futuro.

domingo, 10 de outubro de 2010

As asas que nos abraçam e nos enganam

As asas do tempo envolveram-me... levando-me a pensar que se ficasse estática nada de mal me aconteceria naquele momento bélico. Todavia, com os seus movimentos audazes, com o auge do voo actual, com a sua eficácia ilusória, com os seus olhares perspicazes, com as suas armas potentes, com a batalha criada... enganaram-me fria e cruelmente. Rasgaram-me o coração. Esvaziaram-mo. Depois com todo o vendaval sentimental gerado, alguém suficientemente maldoso encheu o meu órgão mais vital perdido com duras e frias pedras. Tornaram-me naquilo que hoje sou. Deixei, simplesmente, de ser o que fui. Transformaram-me no estridente sentimento do mal, retirando-me o meu mortal romantismo, que em tempos, eu achara eterno. Achei por bem dizer um adeus simples e modesto. Deixei que as lágrimas que banhavam o meu corpo caíssem derradeiramente no chão. Escondi-me do mundo, aquele que eu anteriormente idolatrava como meu, mas que agora odiava com todas as forças naturais. Certamente voltarei, um dia, melhor que agora. Mais forte... mais sábia do que neste mundo acontece e se revela determinantemente assustador. Adeus, meu silêncio triste.