segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Os momentos

Vou dizer-lhe que cessou o sentimento. Vou dizer-lhe que a doença anteriormente contraída se curou. Nada mais interessa entre nós, entre mim e ti, entre os nossos olhares, entre os nossos gestos repentinos, entre o espaço que distancia as nossas mãos, as nossas almas. Vou pedir ao coração as palavras certas, as reacções, a finalização num momento concreto. Vou pedir à razão a vontade de as exprimir fisica e plenamente. Quero ficar só num mundo onde sou só eu sozinha.
Vou, simplesmente, fechar o livro, cuja história não teve o fim desejado porque a tinta secou. Vou guardar na memória a caneta inútil que permitiu o início de tudo. Quero, sim, guardar também a capa desse livro num compartimento do meu coração perdido. Não, não te quero esquecer, livro meu, porque essa pequena história indeteriminada me fez feliz num determinado momento incerto algures na minha vida. Vou recordar o sopro do desejo que no meu coração ainda ficou e que tu criaste. Entre as linhas e as entre linhas restou um misto de descrições, entre estradas e cruzamentos sentimentais dispersos num mundo emocionalmente confuso. Vou impedir que as nossas vidas se cruzem porque não queremos ambos sofrer, porque o tempo é efémero, porque a vida é curta. Vou somente afastar-me, ainda, mais de ti... deixar que as amarras da vida decidam o nosso futuro.

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