Ao anoitecer despertou em mim a vontade impulsiva de contar um segredo às estrelas do céu.
Vou relatar-lhes o que sei sobre a rosa da amizade, aquela que é verdadeira e não magoa porque não tem espinhos. Vou usar o soprar sereno do vento, o mistério do passar do tempo, a magia eterna das palavras, o tamanho infinito do oceano, o sentimento e o pulsar eterno do meu coração. Vou despertar o brilho às estrelas, recorrendo à verdade em letras pausadamente soletradas, a pétalas aromáticas da minha imagem contemplativa, reflectida naquele mar onde cada gota salgada é um pensamento doce. Vou simular ser uma estrela que não permanece só, antes caminha sobre o vazio do céu, voa velozmente no alto da imaginação e dos sonhos do meu mundo infantil... perdidos na caixa das recordações guardada no fundo da cómoda antiga. Vou esquecer o que será de mim sem o mundo real, preferindo projectar-me no infinito azul profundo do céu cerrado. Tudo para que, numa noite futura, possa ser o espectro capaz de ajudar um amigo indefinido.
20 de Fevereiro de 2010
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