domingo, 23 de janeiro de 2011

Remeter-me ao silêncio

Há já alguns dias que tenho a minha essência triste. As luzes apagaram-se. O frio assolou o meu organismo frágil. O tecto desabou. Agora revejo-me destruída e abandonada de mim, para mim. Os resultados cortaram aos bocadinhos as folhas da esperança que ainda existiam cá dentro. As lágrimas caem entretanto, enchendo de água salgada o meu rosto doce, cansado e desiludido. O sofá, a televisão e o computador tornaram-se, de repente, os meus amigos mais íntimos, os meus conselheiros mudos, a minha companhia mais desejada. As roupas, os acessórios, o consumo... já nada disso me anima, nem sequer alivia o que sinto. Perdi, perdi, perdi... a felicidade que permanecia no bolso do meu casaco de veludo azul. Esvaziou-se. Perdeu-se no vazio do meu mundo. Hoje esse sentimento benigno foi trocado pela infelicidade frustrada de não alcançar o que desejara, com todas as minhas forças. Choro, porque me faz bem. Choro, porque alivia a dor que o meu corpo sente, que a minha mente reflecte no meu rosto. Quero esquecer, mas não consigo. Quero enganar-me e iludir-me inutilmente, mas também não consigo. Quero simplesmente desaparecer. Mas não posso. Resta-me, somente, ganhar uma réstia de esperança, uma migalha de força daquela antiga que me era característica. Resta-me esperar por dias melhores. Nada nesta vida é eterno.


Seguir em frente é o caminho. Adeus, meu silêncio.

Sem comentários:

Enviar um comentário